quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Exemplo de Escoteiro.

Na manhã dessa quarta-feira(4), o Grupo Escoteiro Cisne, na Granja Viana, agraciou um dos seus membros com uma das mais importantes medalhas do Escotismo: a "Medalha Cruz de Valor - Caio Viana Martins".

O homenageado foi o escoteiro Arthur Thomás Machline Silva, de 39 anos.

Arthur passou a fazer parte do Grupo Escoteiro Cisne em 2009 quando a tropa escoteira se tornou um Grupo Escoteiro independente. O Grupo Escoteiro Cisne faz parte do Instituto Cisne, organização do terceiro setor que desde 1986 atende crianças, jovens e adultos com deficiência mental/intelectual, ou, como preferimos nos referir, com limitação de autonomia psicossocial.

O Grupo Escoteiro Cisne é o único Grupo Escoteiro no Brasil formado somente por jovens com deficiência. Assim, cumpre esclarecer que Arthur também é atendido no Instituto Cisne. Ele frequentou o instituto em 1992 e saiu, retornando em julho de 2008. Passou a fazer parte do Grupo Escoteiro Cisne em 2009 e permaneceu até julho de 2013.

O motivo da homenagem

No último dia 03 de abril, após a reunião escoteira, os jovens do Grupo Escoteiro Cisne, se encaminhavam ao refeitório para o almoço, quando o jovem Anderson, recém-chegado à instituição e ainda em período de adaptação (e cujo grau de comprometimento da autonomia é bastante significativo), mesmo sem saber nadar, atirou-se na piscina.

Dentro d’água, começou a se debater desesperadamente, sem conseguir manter-se na superfície. Instantaneamente e sem pestanejar, o sênior Arthur, que passava por perto, percebeu a gravidade da situação em que se encontrava o colega e mergulhou, conseguindo impedir o afogamento e salvando a vida de Anderson.

Após o ocorrido, conversando a respeito, Arthur disse que apenas fez o que precisava ser feito, pois aprendeu que o escoteiro está sempre alerta para ajudar o próximo.


Anderson (de laranja) caiu na piscina e foi socorrido pelo amigo Arthur.

Segundo o chefe do Grupo Escoteiro, Armando Paolillo, é importante salientar que a atitude do jovem Arthur foi além do que se esperaria de qualquer jovem com limitação de autonomia psicossocial, uma vez que suas condições mentais e emocionais, diferentes daqueles considerados “normais”, poderiam, com um grau de probabilidade muito grande, acarretar um sentimento de desespero tão grande que o impossibilitariam de tomar qualquer atitude nesse

sentido
.Além disso, também deve ser levado em conta o grau de comprometimento da autonomia, da compreensão e do controle emocional do jovem Anderson, diante da situação desesperadora em que se encontrava, a qual representou ao jovem Arthur, grande risco de perigo, uma vez que a reação daquele à sua aproximação poderia ser desastrosa, e, consequentemente, agravaria ainda mais a situação.

O grupo Escoteiro Cisne, diante dessa situação, entendeu a importância do jovem ser agraciado com uma medalha e encaminhou ofício à UEB – União dos Escoteiros do Brasil. "Mais do que um reconhecimento oficial por sua bravura, destemor e prontidão para servir, a outorga da medalha será também um marco na história do escotismo brasileiro, por tratar-se o agraciado de pessoa com deficiência, que a sociedade costuma rotular, segregar e desvalorizar, vendo-o como um ser-problema, e, no entanto, o jovem mostrou que, com todos os seus problemas e dificuldades, fez o que muitos considerados “normais” jamais teriam coragem de fazer", dizia o documento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário